Cresce atuação de dentistas nas UTIs brasileiras

Uma área em crescimento

Um segmento em franco crescimento e sem volta, é o que dizem os mais experientes. 
A Odontologia Hospitalar (OH) é uma das área de atuação que mais vem sendo procurada nos últimos anos. Além das pesquisas que existem sobre o assunto (veja Artigos da Odontologia Hospitalar que você precisa ler), a medicina moderna já reconhece a importância da presença de um cirurgião-dentista em ambiente hospitalar.
A outra parcela de contribuição vem dos hospitais. Além do Projeto de Lei que tramita no Senado e Câmara, os gestores hospitalares perceberam a relevância da saúde bucal em pacientes sistemicamente comprometidos. A redução dos custos hospitalares e a rotatividade dos leitos são indicadores positivos obtidos com o trabalho da Odontologia em conjunto com as demais áreas. Isso também ocorre em hospitais públicos. No Distrito Federal o projeto de implementação do dentista em ambiente hospitalar, reduziu a ZERO a pneumonia associada à ventilação mecânica.

Atuação vai além da UTI

Seja em unidades de terapia intensiva, semi-intensiva, coronarianas e leitos de internação, o dentista passou a interagir com a equipe multidisciplinar composta também por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e enfermeiros para acompanhar aqueles que mais precisam.
Os pacientes internados apresentam uma higiene bucal deficitária, o que permite a propagação de patógenos que propiciam o aparecimento de outras doenças, principalmente as respiratórias, explica Claudia Baiseredo, diretora do Centro Multidisciplinar de Odontologia Intensiva (CEMOI).

"Os pacientes internados apresentam uma higiene bucal deficitária, o que permite a propagação de patógenos que propiciam o aparecimento de outras doenças, principalmente as respiratórias"

Infecção pode prejudicar o ciclo quimioterápico

É importante que infecções e processos inflamatórios oriundos da cavidade bucal não interrompam outros tratamentos. Como é o caso da perda do ciclo quimioterápico, ocasionado devido aos processos inflamatórios da mucosa oral. Ocorre com muita frequência nos pacientes oncológicos. 
Essas inflamações são diagnosticadas por cirurgiões-dentistas como mucosites e se não tratadas adequadamente, dependendo do grau, podem interromper o ciclo quimioterápico.

Diferenciais da Odontologia Hospitalar

A inserção da Odontologia nas unidades de tratamento intensivo traz inúmeros benefícios.
A redução de tempo de internação, diminuição do gasto com antibióticos de alto custo e prescrição de medicamentos são alguns exemplos que contribuem com a gestão hospitalar. As operadoras de saúde estão atentas a eficiência da administração dos hospitais. Quando há uma melhor performance, aumentam a confiança naquele modelo e passam a direcionar seus associados para uma gestão mais competente e de melhor resultado.
Um outro benefício é o diagnóstico precoce de doenças graves oriundas da cavidade oral. Contribuem diretamente para a redução dos custos hospitalares. Quanto mais experiência tiver o profissional, mais cedo se chegará na causa e menores serão os gastos.
O mesmo raciocínio de redução de custos ocorre quando retira-se a nutrição parenteral. O paciente com acompanhamento odontológico consegue se alimentar sem dor, consequentemente, ocorrem melhorias no quadro clínico geral. Gradativamente esse paciente evolui para a alta hospitalar.

Estatísticas

A redução nos casos de pneumonia relacionados à ventilação mecânica é uma das importantes conquistas. Estatísticas da Anvisa mostram que 33% dos pacientes de UTI que desenvolvem essa infecção evoluem para óbito. 
Nesse caso, o foco do cirurgião-dentista está nos pacientes com insuficiência respiratória. Para auxílio à respiração, utiliza-se um aparelho que proporcionará melhor oxigenação. A respiração artificial acaba aumentando o volume de bactérias que alcançam o pulmão, causando a infecção.
Um episódio de pneumonia associada à ventilação, além de prolongar o tempo de internação em aproximadamente 12 dias, aumenta os gastos com recursos e uso de antibióticos. Uma pesquisa publicada no Journal of Intensive Care Medicine, nos Estados Unidos, comprovou que a redução de pneumonias associadas à ventilação mecânica, ou seja, entubação, chegou a 46%.

A Lei de amparo

A implantação da assistência odontológica em hospitais públicos e privados tramita na Câmara Federal há alguns anos. Em 2016 recebeu parecer favorável da relatora do Projeto de Lei 34/2013, Senadora Ana Amélia. O PL ainda tramita e deverá ser submetido a plenário.
Ele regulamenta a presença do cirurgião-dentista nas UTI’s e inclui a assistência odontológica no atendimento e internação domiciliares do Sistema Único de Saúde.

Habilitação em OH é uma realidade

Diante da complexidade dos pacientes hospitalizados, principalmente em UTI, a bagagem obtida na graduação fica aquém. Além da teoria, a prática nesse universo de multidisciplinaridade é muito importante.
Pacientes renais, cardiopatas, transplantados de órgãos e tecidos, diabéticos, oncológicos e de senilidade avançada necessitam de atendimento especializado. É preciso uma avaliação detalhada, sendo necessário o acompanhamento multiprofissional para garantir o resultado esperado. Para tal, compreender um pouco de cada área garante um diagnóstico mais assertivo.
De acordo com o Conselho Federal de Odontologia, o cirurgião-dentista habilitado em OH pode atuar em equipes multiprofissionais, interdisciplinares e transdisciplinares na promoção da saúde baseada em evidências científicas, de cidadania, de ética e de humanização. Essa habilitação permite que o profissional acompanhe o paciente após a alta hospitalar em regime ambulatorial e domiciliar, desde que, haja equipamento e infraestrutura adequados às demandas pós-internação.
Os cursos de Odontologia Hospitalar (OH) devem ser realizados com um mínimo de 350 horas, sendo 30% de horas práticas e 70% de teóricas. O número máximo de alunos por turma será de 30, com, no mínimo, um professor com o título de mestre ou doutor.

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