Não se costuma pensar deste jeito, mas o hospital também é uma empresa. Também precisa ter organização para conseguir cumprir tudo o que se propõe com eficiência, para atender a diferentes tipos de necessidades, evitando desperdícios e gerando lucro para se manter. E esta lógica se aplica tanto a hospitais públicos como privados: todos estão vendendo serviços de saúde. Portanto, esta instituição não é formada só de médicos e enfermeiros. É aí que entra o administrador hospitalar, também conhecido como gestor hospitalar, o profissional responsável por administrar um Sistema de Saúde.
Dentro do hospital, é ele quem conduz as áreas de Gestão de Pessoas, Gestão do Espaço Físico e Finanças. Algumas destas atribuições são:
- Decidir sobre quais especialidades o local que gerencia está apto a fornecer de forma eficaz;
- Qual o melhor uso para cada espaço;
- Determinar quais os servidores que comporão o quadro de funcionários, o número deles (não apenas médicos, enfermeiros, dentistas, mas também serventes, cozinheiros, etc.) e o desempenho de cada um e de cada equipe;
- Controlar Marketing, o que não é necessariamente fazer propaganda do estabelecimento, mas sim atuar na difusão de informações sobre saúde para a comunidade local. Por exemplo, organizando campanhas de vacinação, de hábitos de prevenção de doenças, de doação de sangue e de medula óssea, etc.;
- Manutenção dos equipamentos médicos, decidir sobre as compras, negociar com fornecedores, controlar os estoques de materiais e a limpeza dos espaços, inclusive dando o adequado destino ao lixo;
- Administrar o dinheiro, evitando desperdícios;
- Garantir que o paciente tenha toda a assistência de que precisa.
Para ser um administrador hospitalar é preciso ter Curso de Administração ou da área de saúde?
No começo desta profissão no Brasil, os administradores hospitalares eram médicos ou enfermeiros que paulatinamente iam assumindo cargos administrativos, e procuravam o curso como uma pós-graduação, complementando a sua formação original.
O grande desafio que essa primeira geração enfrentou é até óbvio: sair das salas de cirurgia, leitos e consultórios para pensar o hospital como um todo, incluindo áreas nas quais nunca haviam entrado, como a cozinha e a farmácia hospitalares, áreas de apoio, recepção e alojamento dos pacientes e seus parentes, planejamento de campanhas de saúde, montar escalas de todos os seus funcionários, lidar com fornecedores de materiais, descartar corretamente o lixo, etc.
Além disso, a tecnologia abriu novas perspectivas para os serviços hospitalares, e por consequência os estabelecimentos que os oferecem ficaram mais complexos.
Os cursos surgiram dessa necessidade de aprimorar conhecimentos específicos de gestão para médicos, de se criar um corpo de conhecimento entre a área de saúde e a de gestão, coisa que não tinha sido vista como necessária antes.
Hoje, graduados em outras áreas, como Marketing, Comunicação, e principalmente Administração, misturam-se aos profissionais que vestem jaleco, atuando como administrador hospitalar. Os cursos não exigem formação específica em área de Saúde, contam com disciplinas que ensinam tanto a gestão como a realidade de um sistema de saúde.
De qualquer forma, é importante que a visão deste profissional não se limite ao dinheiro que precisa fazer render, precisa também ter um olhar maior para o lado humano. Para o profissional da Saúde, não há nenhuma lei ou regra ética impedindo que ele continue atuando na sua área de formação e seja administrador.
Algumas qualidades pessoais que a profissão exige são:
- Pensar estrategicamente, identificando problemas e tomando decisões para solucioná-los;
- Estar sempre pronto para aprimorar processos ou introduzir soluções novas;
- Raciocínio analítico, abrangente, lógico e crítico;
- Estar em constante atualização de informações, tanto da área médica quanto administrativa;
- Ter boa comunicação e habilidade de negociação com as equipes multidisciplinares, prestadores de serviços, pacientes e seus familiares;
- Empatia e ética, gostar de trabalhar com pessoas.
Como funcionam os cursos da área
Há cursos de gestão hospitalar no Brasil em três níveis: técnico, graduação (tecnólogo) e pós-graduação (especialização lato sensu).
A duração do curso varia de 2 a 3 anos, dependendo da instituição em que é oferecido. Nos primeiros semestres, os alunos costumam ser contemplados com disciplinas da ADM, como matemática, marketing hospitalar, auditoria, contabilidade, modelos de gestão, informática hospitalar, e os últimos são reservados às disciplinas de Saúde, como a história do sistema de saúde brasileiro, a rotina dentro de um hospital, legislação hospitalar e sanitária, ética em saúde.
Áreas de atuação
Apesar de este texto falar predominantemente sobre hospitais, esta não é a única área na qual um gestor de saúde pode atuar. Ele também está habilitado para administrar laboratórios de análises clínicas, consultórios, policlínicas, centros de saúde, ambulatórios, casas de saúde, casas de repouso, e até spas. Além disso, podem empreender e abrir a própria empresa seja ela um hospital, seguradora, de medicina em grupo, de consultoria em saúde para órgãos públicos. Pode trabalhar em ou com órgãos como secretarias municipais ou estaduais ou até o ministério da saúde. Alguns setores de trabalho:
- Captar novos clientes para planos de saúde e medir a satisfação com os serviços prestados;
- Analista de serviços de saúde de outros centros de tratamento;
- Atendimento na hotelaria hospitalar;
- Tesouraria;
- Supervisão de estágios;
- Responsável pelas compras e pelo estoque.
Demanda
Ainda há muito poucos administradores hospitalares no Brasil, portanto a demanda deste mercado é enorme, ainda mais se se pensar na extensão territorial do país. O grande exemplo é a quantidade de notícias sobre hospitais mal administrados, sem espaço, material ou condições de higiene para todos os pacientes. E os planos de saúde costumam estar no topo das listas de reclamações de consumidores.
É preciso que a gestão de hospitais e outros sistemas de saúde saia do simples “achismo”. Por exemplo, que os profissionais de saúde devem se conscientizar mais da importância do Marketing, das Vendas, das Finanças e dos Recursos Humanos.
Quanto ao salário, não existe um mínimo único. Depende de várias circunstâncias, como o grau do curso em que o gestor se formou, o tamanho da instituição na qual ele vai trabalhar (o que é o mesmo que dizer a complexidade desta instituição), a região onde fica e qual o nível profissional que ele vai exercer (trainee ou master). Pode variar de R$ 2.846,00 a R$ 7.788,00.
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