Os constantes riscos que correm os pacientes internados em UTIs devem ser prioridade para um gestor, que deseja oferecer a melhor assistência em sua administração hospitalar. No entanto, quando se trata de tratamento odontológico, não se percebe esse zelo em todos os hospitais.
Existe uma discussão acerca da importância do cirurgião-dentista nos hospitais, devido ao Projeto de Lei 883/19 tramitado na Câmara que exige a obrigatoriedade da presença de profissionais de odontologia nas unidades de terapia intensiva e demais unidades hospitalares de internações prolongadas.
Apesar deste projeto ainda estar aguardando parecer do Relator na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), esse assunto dá muito pano pra manga e queremos trazer aqui alguns aspectos essenciais para compreender se realmente faz-se necessário o profissional dentista atuando nas UTIs dos hospitais.
Quer entender tudo sobre o tema? Faça essa leitura com a gente!
A realidade dos pacientes internados numa UTI
Primeiramente, vamos analisar qual a real situação dos pacientes que se encontram internados em UTIs:
- Pacientes de câncer, diabetes, cardiopatas, dentre outras doenças graves, sofrem momentos de baixa imunidade que são propícias para a ocorrência de infecções na boca;
- Tratamentos contra o câncer são favoráveis para complicações na saúde bucal como mucosites e falta de saliva;
- As internações em UTI geram constantes riscos sistêmicos.
Olhando esse panorama, podemos perceber que a qualquer momento um paciente internado na UTI pode necessitar dos cuidados de um cirurgião-dentista. As condições de saúde costumam ser instáveis e a possibilidade de uma infecção bucal aumenta, mediante a baixa imunidade relativa a esses casos.
Cuidados odontológicos nas UTIs são necessários?
Esse questionamento tem sido levantado pelas Comisões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), devido aos riscos de infecções e sepse mediante a ausência de assistência odontológica nos leitos de UTI.
A falta de cuidados odontológicos diários para pacientes internados em UTI pode causar pneumonia, que é uma das principais causas de morte em ambiente hospitalar, com o percentual chegando a 30%, segundo o periódico Saúde Business.
Dessa forma, vale considerar que a presença do cirurgião-dentista nos hospitais, atuando com os procedimentos odontológicos necessários a cada paciente, pode favorecer a sua recuperação, prevenindo possíveis complicações, além de diminuir o tempo de internação dessas pessoas.
Entendendo a Odontologia Hospitalar e a importância do cirurgião-dentista nos hospitais
Pode-se dizer que a Odontologia Hospitalar é uma realidade nova, em se tratando de saúde bucal. Sendo uma habilitação regulamentada pelo CFO em 2015.
Essa é uma área em que os profissionais dentistas exercem os cuidados bucais necessários em pacientes internados por situação de alta complexidade, onde o profissional de odontologia passa a compor a equipe multidisciplinar, que atua em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Mas quais são as contribuições do cirurgião-dentista ao paciente de UTI? Veja!
- Diminuir os riscos de infecções bucais;
- Reduzir o tempo de internação dos pacientes;
- Diminuir o uso de medicamentos de alto custo;
- Realizar os procedimentos odontológicos em pacientes graves internados, dentre outras.
Na capital carioca, a Casa de Saúde São José já realiza um trabalho de odontologia hospitalar em sua rede que favorece o tratamento de diversos pacientes em ambiente crítico, principalmente nas unidades de terapia intensiva.
Somente em 2021, a CEMOI foi responsável por habilitar 43,7% de profissionais em Odontologia Hospitalar, exatamente pela grande necessidade de atuação nessa área.
Reconhecimento ao longo da história
Tendo início nos Estados Unidos em 1901 com o Dr. John Shoemaker. Na década de 90, a Odontologia Hospitalar passou a ser uma necessidade.
Alguns anos depois, houve a presença de dentistas em hospitais renomados da época como a Santa Casa de Misericórdia em São Paulo, no Hospital das Clínicas da USP, na Casa de Saúde São José, Hospital Brasília e no Hospital Daher-Lago Sul.
A partir dessas realidades, a habilitação em Odontologia Hospitalar foi regulamentada em 2015, constando no Código de Ética Odontológico a atuação do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar.
Desafios na rotina do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar
Segundo relatos de profissionais dentistas que atuavam desde os primeiros anos na USP, a relação entre médicos e cirurgiões-dentistas não era das melhores.
Depois de palestras ministradas acerca do assunto, a situação melhorou e o espaço do cirurgião-dentista nas equipes multidisciplinares já está efetivado.
O papel do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar é de diminuir o tempo de internação dos pacientes, ministrando analgésicos e realizando os procedimentos odontológicos
O trabalho do cirurgião-dentista em hospitais renomados
Assim como já mencionado, o cirurgião-dentista já é reconhecido e valorizado nos principais hospitais terciários.
Nesta realidade, os demais gestores hospitalares analisam os retornos desse trabalho e procuram profissionais habilitados para exercer essa atividade. O principal motivo vem da constatação da diminuição dos indicadores assistenciais relacionados à pneumonia associada à ventilação (PAV).
Os atendimentos prestados são realizados mediante a necessidade e condição do paciente, podendo ser feito inclusive no próprio leito de UTI.
Vale ressaltar também que o tempo de internação dos pacientes de UTI podem ocasionar o acúmulo de biofilme que após 24 horas de internação muda seu perfil epidemiológico, sendo composto por bactérias hospitalares gram negativo (-).
O trabalho do cirurgião-dentista num hospital também pode ser feito como medida preventiva. Esse encaminhamento ocorre quando os médicos percebem a importância de contar com o profissional de odontologia em sua equipe.
Até aqui, percebe-se a importância do cirurgião-dentista nos hospitais e na recuperação de um paciente internado em estado grave, principalmente levando em consideração os constantes riscos que essa situação apresenta ao quadro clínico do indivíduo.
Concluindo
Após apresentar todos esses dados acerca da realidade dos pacientes internados em UTIs e a presença do cirurgião-dentista nas equipes multidisciplinares é fundamental.
Apesar de ser uma área de conhecimento recente, já se faz essencial para melhorar a qualidade de vida de um paciente acometido por patologias graves e a atuação do cirurgião-dentista já é bastante valorizada em hospitais renomados do país.
O que se espera é que os dentistas busquem se habilitar na área de Odontologia Hospitalar no decorrer dos anos, uma realidade já notada nos dias de hoje.
Sendo a situação clínica de um paciente de UTI delicada, faz-se necessário oferecer o máximo de assistência para que a sua recuperação aconteça de maneira eficaz, logo o tratamento odontológico nas UTI deve passar a existir em todos os hospitais públicos ou privados do Brasil e do exterior.
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