A Odontologia reduz tempo de internação, taxas de infecção e gastos hospitalares
A obrigatoriedade da assistência odontológica aos pacientes internados em hospitais públicos e privados vem sendo alvo de inúmeros debates. A proposta consta do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 34/2013. Foi aprovada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal em maio desse ano, mas continua em debate para ajustes nos termos dos artigos que mencionam o atendimento Home Care.
Alguns deles vem apontando, equivocadamente, que tal proposta aumentaria os custos dos hospitais. Há consenso parlamentar de que estudos comprovam a redução na incidência de infecção hospitalar e a melhora dos pacientes de UTI. Entretanto, como a falta de subsídios financeiros somado ao fator contratação profissional, para atender a demanda, faz com que haja cautela.
“A inserção da Odontologia Hospitalar nas equipes multidisciplinares é irreversível, diversos hospitais privados e públicos já admitiram dentistas em seu corpo clínico. Assistimos de perto esse crescimento. Quando a Lei for aprovada, estimamos que mais da metade dos hospitais possuam dentistas atuantes.“, aponta a diretora do CEMOI, Drª Claudia Baiseredo.
Pesquisadores comprovam os benefícios ao paciente
Em uma dessas pesquisas, realizada nos Estados Unidos e publicada no Jounal of Intensive Care Medicine que as estatísticas do estudo comprovaram que a redução de pneumonias associadas à ventilação mecânica, chegou a 46%.
Hospitais brasileiros realizaram estudos que demonstraram a redução de 5 dias de internação após a inclusão do cirurgião-dentista na equipe multiprofissional no transplante de medula óssea. Reduziu em 50% a necessidade de morfina para controle da dor e apresentou duas vezes menos necessidade de alimentação parenteral. Além disso, diminui o risco de mucosite oral em até 13 vezes, uma complicação frequentemente observada em pacientes oncológicos.
A inserção da Odontologia nas unidades de tratamento intensivo é necessária. São inúmeros os benefícios como:
- redução de tempo de internação
- diminuição do gasto com antibióticos de alto custo e prescrição de medicamentos
- diagnóstico precoce de doenças graves
- queda na indicação de nutrição parenteral com o paciente
- melhora da qualidade de vida do paciente e redução dos custos de internação
A Odontologia Hospitalar é só na UTI?
Não. É um conceito mais amplo beneficiando também os pacientes que estejam em tratamento mais prolongado, internados ou não e que tenham a necessidade de acompanhamento multiprofissional.
Segundo o Manual de Odontologia Hospitalar, publicado pela Secretaria do Estado da Saúde do Estado de São Paulo, define: “Odontologia Hospitalar como um conjunto de ações preventivas, diagnósticas, terapêuticas e paliativas em saúde bucal, realizadas em ambiente hospitalar que funcionam em conjunto com uma equipe multidisciplinar.”
Hospitais no DF que aderiram ao serviço
Inserir um novo serviço em um hospital não é uma tarefa fácil. Existem outros fatores. Não só, os benefícios diretos são importantes, mas os indiretos, difíceis de mensurar e quantificar o lucro. Requerem uma análise de viabilidade mais profunda, contudo, para os gestores mais habilidosos, uma vez desvendada a complexidade, tornam-se fortes diferenciais no mercado hospitalar.
Um bom exemplo são os serviços de odontologia que levam a melhoria do estado clínico do paciente.
O problema é a complexidade em medir o quão para um hospital é importante elevar o fluxo de pacientes com internações mais curtas utilizando a equipe de Odontologia Hospitalar.
Um gestor mais habilidoso, percebe esse benefício e a despeito dos custos adicionais, na contratação de pessoal, institui o serviço, ganha com a satisfação do paciente e com uma rotatividade maior dos seus leitos.
Atualmente no Distrito Federal, observamos um número expressivo de hospitais privados que dispõe do serviço.
Em 2012, a capital federal possuía um único hospital. O Hospital Daher-Lago Sul, foi o primeiro hospital privado do país e ter o serviço de Odontologia Hospitalar. Hoje, 73% dos hospitais possuem em seus quadros clínicos cirurgiões-dentistas habilitados.
Esse percentual, tenderá a aumentar. Com a regulamentação da Lei Distrital, aprovada em 2016. Tornou obrigatória a presença do cirurgião-dentista em toda rede SUS, no âmbito do Distrito Federal.
Na rede pública, após aprovação da lei, o resultado foi consequência do trabalho multiprofissional de uma equipe de dentistas. O serviço teve como foco a saúde bucal dos pacientes em estado crítico. O modelo foi estendido em setembro de 2017 e tem projeto de chegar aos demais hospitais. Lei mais sobre o serviço na rede pública do Distrito Federal.